Lygia fagundes teles, desarrumando as nossas certezas

2054 palavras 9 páginas
Lygia Fagundes Telles, desarrumando as nossas certezas

Esther PS Rosado

“Ela escreve desarrumando nossas certezas, expondo nossos preconceitos, medos e desejos, às vezes sombrios, perversos e insanos, mas necessários para mostrar que somos capazes dos atos mais humanos e, ao mesmo tempo, vis e cruéis. Com isso, a autora fala da alma humana, da rede de obstáculos com que o homem se depara diante da vida, do mundo.”
(Suênio Campos de Lucena, professor da UNEB)

Já há algum tempo, em algum lugar da net, estava lendo um artigo do professor Suênio Campos de Lucena, professor da UNEB, quando deparei com o trecho que reproduzo acima. A expressão mais encantadora do artigo era essa: “Ela escreve desarrumando nossas certezas(...)”. Continuei a ler vários artigos, mas aquela expressão do Lucena não me saía da cabeça.

Há muito conheço a obra de Lygia Fagundes Telles, mas nunca gostei tanto dela como agora, leitora de quatro décadas e meia que sou, apaixonada por literatura que sou. Leio sobre Lygia, a autora, o ser humano, e chego cada vez mais à conclusão de que deveria tê-lo feito há muitos e muitos anos. Reli, por esses tempos, o seu livro de contos Antes do Baile Verde.

Sempre imagino que este livro guarda as suas obras-primas no gênero conto : O menino- exemplar desvendamento da natureza humana, surpresas e angústias do viver -, O moço do Saxofone, A caçada – inquietante e bela narrativa – O Jardim Selvagem, Venha ver o pôr-do-sol, Os objetos.

“Ele escreve desarrumando nossas certezas(...)” Bela e terrível conclusão.
Nos contos citados acima, as certezas estão mais que desarrumadas e a vida procura explicações outras, os caminhos terríveis (ou serenos) do viver.

Mas escolhi para comentar o conto que considero o mais-que- perfeito: Os Objetos. A narrativa abre o Antes do Baile Verde, publicado pela primeira vez em 1970.

Se as narrativas de Lygia iniciam-se sempre com um fato aparentemente banal, esta não seria um exceção:
“Finalmente pousou o

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