Lugares de Memória

SOCIEDADE E CULTURA FRANCESAS

1. “Lugar de memória” ou «lieux de mémoire» chegou a ser objeto de interpretações díspares desde o surgimento da expressão na década de oitenta do século passado (1984) o que levou Pierre Nora, criador da mesma expressão “lugar de memória” e arquétipo da obra, a executar o projeto “Les France” como forma de reapropriar da ideia de “lugar de memória”, evitando, assim, a vulgarização e para que a sua obra não se tornasse, segundo Nora, num “promenade touristique dans le jardin du passé”.
À luz do que nos pode elucidar os textos em estudo, “lugar de memória” é uma entidade simbólica, algo de natureza material ou imaterial, funcional, herança memorial de qualquer comunidade. “Lieux de mémoire” não tem um equivalente semântico em outras línguas que possa traduzir o seu sentido original: algo que indique conceitos, palavras e acontecimentos, tanto como lugares reais.

2. A aceitação da expressão “lugar de memória” foi excecional, tanto na comunidade dos historiadores como em política, na economia (argumento turístico), enfim, passou a ser um lugar-comum.
Houve quase que um consenso em torno do projeto que contribuiu para a definição e teorização de "lugar de memória" “lieux de mémoire” o que mostrou que a obra iniciada sob a direção de Pierre Nora estava em perfeita sintonia com a atmosfera intelectual do seu tempo (E. ENDERS). Participaram nesse projeto cerca de 130 historiadores que alimentam a pesquisa histórica da França de então. O sucesso da coleção ultrapassou os limites da comunidade científica. No entanto, houve, como se referiu acima, um desvio de sentido da expressão.

3. Entre os “lugares de memória” estudados na obra dirigida por Pierre Nora constam: Palácio de Versalhes (material) e Tour de France (imaterial).
A imaginação francesa, em relação à Tour de France, investe-se de grande simbolismo. Esse acontecimento tem “a força da evidência” para os franceses e não só. Le Tour está na memória coletiva e sujeito a