Luciano Martins

Neste capítulo, a intenção do autor é entender como a ampliação da base material do Estado se reflete nos papéis de regulador da economia e de promotor do desenvolvimento por ele desempenhado. Ao invés da simples exame da estrutura legal, o autor optou pela análise da evolução, organização e políticas de três agências que atuam em áreas estratégicas: financiamento público, indução de investimentos industriais e promoção do comércio exterior.
Cada agência representa um caso diferente no que se refere ao seu status institucional, sua inserção no aparelho do Estado, aos recursos que manipula e ao seu raio de ação. Para tanto, o autor analisa o caso de três agências: BNDE, CDI e CACEX.
O BNDE se caracteriza por ser uma organização governamental autônoma. Já o CDI se constitui enquanto um órgão burocrático típico do Governo, e CACEX, de acordo com o autor, um “unicórnio” no jardim dos Estados. Diferentes características nos permitem melhor conhecer o processo de segmentação e diferenciação no âmbito do Estado, assim como entender a trama de relações interburocráticas e suas articulações com outras arenas políticas.
O BNDE se caracteriza como um caso de grande interesse por três motivos: i) capacidade de afirmar sua personalidade institucional e de fortalecê-la em face de conjunturas políticas distintas e muitas vezes adversas; ii) seu papel eminentemente criativo como formulador e executor de políticas de desenvolvimento; iii) seu estudo permite explorar as relações entre os interesses sociais que agrega e as metamorfoses nas políticas que preconiza – em convergência ou confrontação de outras agências do Estado.
O banco criado na segunda metade do governo Vargas, num contexto onde a necessidade de se realizar um grande programa de investimento em infraestrutura já havia sido objeto de Estudo do Plano Salte e constitui a conclusão básica da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos.
A atuação desta comissão inaugura uma nova arena política no país, ao lado das