lojaghj

331 palavras 2 páginas
Uma certa arte – Elizabeth Bishop (tradução de Nelson Ascher)

A arte da perda é fácil de estudar: a perda, a tantas coisas, é latente que perdê-las nem chega a ser azar.

Perde algo a cada dia. Deixa estar: percam-se a chave, o tempo inutilmente.
A arte da perda é fácil de abarcar.

Perde-se mais e melhor. Nome ou lugar, destino que talvez tinhas em mente para a viagem. Nem isto é mesmo azar.

Perdi o relógio de mamãe. E um lar dos três que tive, o (quase) mais recente.
A arte da perda é fácil de apurar.

Duas cidades lindas. Mais: um par de rios, uns reinos meus, um continente.
Perdi-os, mas não foi um grande azar.

Mesmo perder-te (a voz jocosa, um ar que eu amo), isso tampouco me desmente.
A arte da perda é fácil, apesar de parecer (Anota!) um grande azar.

(Elizabeth Bishop)
(Do livro ASCHER, Nelson. Poesia alheia. 124 poemas traduzidos. Rio de Janeiro: Imago, 1998.)hj

N

Mnjgf

.

MnUma certa arte – Elizabeth Bishop (tradução de Nelson Ascher)

A arte da perda é fácil de estudar: a perda, a tantas coisas, é latente que perdê-las nem chega a ser azar.

Perde algo a cada dia. Deixa estar: percam-se a chave, o tempo inutilmente.
A arte da perda é fácil de abarcar.

Perde-se mais e melhor. Nome ou lugar, destino que talvez tinhas em mente para a viagem. Nem isto é mesmo azar.

Perdi o relógio de mamãe. E um lar dos três que tive, o (quase) mais recente.
A arte da perda é fácil de apurar.

Duas cidades lindas. Mais: um par de rios, uns reinos meus, um continente.
Perdi-os, mas não foi um grande azar.

Mesmo perder-te (a voz jocosa, um ar que eu amo), isso tampouco me desmente.
A arte da perda é fácil, apesar de parecer (Anota!) um grande azar.

(Elizabeth Bishop)
(Do livro ASCHER, Nelson. Poesia alheia. 124 poemas traduzidos. Rio de Janeiro: Imago,

Relacionados