Lições de Krakauer e Spoto

Lições de Krakauer e Spoto

Este texto florescia, humildemente, como um simples comentário a uma das últimas postagens deste blog. Tratava-se, portanto, de algumas poucas palavras sobre uma experiência particular com a obra de Truman Capote. Entretanto, sua extensão (que ultrapassou, em muito, o limite de palavras que o espaço para comentários permite), aliada ao incentivo de tornar-me um colaborador assíduo deste canal, fez com que o texto ganhasse o “status” de minha primeira publicação no blog. Desta forma, pela característica peculiar de sua genealogia, o antigo “comentário” tornou-se uma espécie de ensaio pessoal Vamos lá:

Ao ler "A Sangue Frio", ainda nos tempos da graduação em jornalismo, fiquei não somente tocado pela sensibilidade de Capote, cuja problemática está muito bem tratada na reflexão anterior de J.S. Faro, mas também embriagado por uma espécie de novo gás, um novo ânimo, relativo a um ambiente que me preocupava e atormentava ainda nos bancos universitários. Apesar de jovem, estava um tanto decepcionado com os rumos da profissão para a qual caminhava: o jornalismo dito objetivista, ancorado em interesses de grupos políticos e econômicos, etc. Brincava, entre amigos, que "quando crescesse" queria ser Ombusdman. Porém, o mundo deu voltas, o tempo passou e, apesar de nunca ter fugido da redação, caminhei pela assessoria e cai na academia. Tempos de reflexão!.

Assim, falar de “A Sangue Frio” é ao mesmo tempo um desafio e um prazer. Especialmente sobre o filme "Capote", o que me chamou particular atenção foi a maneira que Bennett Miller consegue costurar o diálogo entre a biografia de Truman e o conteúdo de "A sangue frio", obra um tanto autobiográfica nas entrelinhas (a maneira como o autor trata Perry e Dick, assassinos da família Clutter, é uma chave para isso).

Felizmente, a fascinação de Capote pela apuração e seu envolvimento com os personagens em “A sangue Frio” encontra eco (e diálogo!) em obras recentes. Um bom exemplo, em forma