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11083 palavras 45 páginas
KENEDY, E. Linguagem, sociedade e cognição. In: PAES, R,. (Org.). Língua, uso e discurso: entremeios e fronteiras. 1ªed. Rio de Janeiro: Editora da UESA, 2013, v. 1, p. 5-34.

Linguagem, sociedade e cognição
Capítulo 1

Eduardo Kenedy
Universidade Federal Fluminense
A linguagem humana
Caro aluno, a linguagem humana é um fenômeno impressionante. Ela se faz presente em quase todos os momentos da vida de uma pessoa, desde o seu nascimento, quando recebe um nome e é inserido numa comunidade de fala, até a maturidade, quando transita diariamente pelos complexos sistemas de comunicação e interação social modernos. Concretizada numa das milhares de línguas hoje existentes no mundo, a linguagem humana nos impressiona porque ela é capaz de fazer muito a partir de pouco. É com base em apenas três ou quatro dúzias de sons que nós, falantes de uma língua natural qualquer, como, por exemplo, o português, conseguimos dominar dezenas de milhares de palavras, as quais, quando combinadas entre si de maneira ordenada, nos permitem a produção e a compreensão de um número potencialmente infinito de frases e textos. A posse da linguagem, com seu ilimitado poder expressivo, faculta aos humanos a organização e a veiculação de pensamentos, ideias, conceitos, valores e, dessa forma, insere cada indivíduo que domina (pelo menos) uma língua no dinâmico e intenso fluxo comunicativo das sociedades contemporâneas. Com efeito, os poucos sons da linguagem oral podem ser substituídos por algumas letras num sistema de escrita ou por centenas de sinais numa língua de surdos sem que, com isso, o poder mobilizador da linguagem seja significativamente alterado. Seja na fala, na escrita ou na sinalização, a experiência humana se faz rica e ilimitada com a linguagem e pela linguagem.
Para que você tome consciência da complexidade social e cognitiva subjacente a um simples ato da linguagem humana, pense no seguinte exemplo. Imagine

um

homem

que

caminha

distraído

pela

cidade,

aproveitando os

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