Leitura e compreensão de texto e estudo linguístico
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A DECADENTIZAÇÃO DA LÍNGUA
Claro, todo mundo já ouviu dizer que as línguas são como seres vivos, que mudam com o tempo e até morrem. É verdade e, se não fosse assim, ainda estaríamos falando latim. Nada, portanto, contra as mudanças na língua, contanto que sejam ditadas por uma razão mais ou menos respeitável, até mesmo pela famosa lei do menor esforço, quando não redunde em empobrecimento da capacidade de expressão. Mas acho que está havendo um certo exagero e, daqui a pouco, estaremos falando um dialeto primitivo de umas 300 palavras para as pessoas cultas e umas 25, para a maioria.
Começa-se, é claro, com as chamadas “palavras-ônibus”. Servem para tudo e, em português brasileiro, as mais comuns atualmente são “maravilha” e seus derivados, “super”, “parada” e “valeu”, que, com alguns acréscimos, podem constituir toda uma conversação. ( . . . )
O “cujo”, coitado, restinho do genitivo que ainda sobrava por aqui, passou da categoria de pedante, entrou para a de pernóstico e, em breve, será arcaísmo. Ninguém diz mais “cujo”, só diz “que”. “A moça que eu vi o pai ontem” é o certo hoje em dia e quem disser “a moça cujo pai eu vi” corre o risco de não ser entendido. ( . . . )
Há também um movimento, que cada vez aumenta mais, para abolir a preposição “a” no uso corrente. Ou seja, prestando atenção, você vai ouvir na televisão alguém dizendo “daqui dois dias” ou, bem pior, “igual eu”. Em compensação “neste ano” e “nesta semana”, por exemplo, que nunca foram correntes para dizer “este ano” ou “esta semana”, agora são a única maneira certa de falar. “Neste ano, tu vai fazer igual eu, procurar uma parada diferente no Carnaval, não é?”
Os verbos vêm sofrendo bastante também. Por exemplo, poucos de nós têm visto alguma coisa recentemente. A maior parte de nós hoje