Ladrões de bicicleta

Roteiro de Vittorio De Sica, “Ladrões de Bicicleta”, é um clássico italiano que aborda de forma simples e direta a vida de um desempregado que, em busca de um emprego, se depara com o requisito de possuir uma bicicleta para atuar como colador de cartazes. Antonio Ricci é o nome dele. Sua esposa, Maria, com vistas em ajudar o marido, empenha seus lençóis numa loja de penhores em substituição à bicicleta, que já estava nessa condição. Ricci consegue o emprego e inicia num sábado, mas sofre um furto, quando tomam-lhe sua bicicleta. Diante disso, procura seu instrumento de trabalho com seu filho Bruno, conta com o apoio de amigos e também da polícia.

Apesar da estória pitoresca, o filme aborda o tema da proletariedade extrema, expondo um drama social intenso acerca do desemprego que atinge o povo italiano após a Segunda Grande Guerra, já que a Itália encontrava-se em estado econômico crítico com a derrota na guerra. A primeira cena mostra homens em busca de empregos no suburbia de Roma, mostrando seu desespero com a passage “há três semanas que venho aqui...”.

Verifica-se, ainda naquela cena, que os agentes de emprego do Ministério de Trabalho exigem qualificações que o proletariado pós-guerra não tinha, como, por exemplo, no caso em que oferecem duas vagas para torneiro mecânico e um predreiro retruca dizendo que não é por causa da sua profissão que deve esperar ou até passar fome. Neste ínterim, Ricci encontra um anúncio oferecendo uma vaga de colador de cartazes cujo único requisito é possuir uma bicicleta. Em meio à situação caótica por que passa o mercado de trabalho italiano, Ricci acaba colocando a bicicleta como instrumento fundamental para sua vida, uma chave de acesso ao trabalho assalariado, mostrando-se, inclusive, como uma metáfora daquilo que nos é essencial para viver confortavelmente e se perdermos isso, perdemos tudo.

Quando Ricci aplica-se para a vaga, desespera-se por ter sua bicicleta empenhada, quando Maria, valendo-se da praticidade que