KAPLAN a vingan a da geografia texto 4

KAPLAN, ROBERT – A VINGANÇA DA GEOGRAFIA – CAPÍTULO 2
[...] O realismo moderno talvez tenha sido sintetizado de maneira mais completa por Hans J. Morgenthau, em 1948, em A política entre as nações: a luta pelo poder e pela paz.
O realismo é crucial para a devida apreciação do mapa- e, com efeito, leva-nos diretamente a ele.
Morgenthau inicia sua tese assinalando que o mundo “é resultado de forças inerentes à natureza humana”. E a natureza humana, como Tucídides salienta, é motivada pelo medo, pelo interesse e pela honra. “Para melhorar o mundo, é preciso trabalhar com essas forças, não contra elas”. Assim, o realismo aceita o material humano existente, por mais imperfeito que possa ser, “Apela para o precedente histórico, e não a princípios abstratos, e almeja a consecução do menos mal, em vez de visar ao bem absoluto”.
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[...] o mero fato de determinada nação ser uma democracia não implica que sua política externa seja necessariamente melhor ou mais esclarecida do que a de um Estado ditatorial.
Democracia e moralidade não são conceitos sinônimos.
A natureza humana- aquele panteão tucidideano de medo, interesse e honra- é responsável por engendrar um mundo de conflito e coação incessantes. Porque realistas como Morgenthau se mantêm na expectativa do conflito e reconhecem que não há como evita-lo, têm menos chances do que os idealistas de superestimá-lo quando o veem deflagrar-se. Compreendem que a tendência à dominação é um elemento natural de toda e qualquer interação humana, sobretudo naquelas entre os Estados. “Só o poder pode limitar o poder”
Por conseguinte, os realistas não acreditam que as instituições internacionais sejam, em si, crucias para a paz, uma vez que não passam de um reflexo do equilíbrio de poder entre seus Estados-membros individuais- que é em última instância, o que determina as questões da guerra e da paz.
Todavia, conforme Morgenthau, o equilíbrio do sistema de poder é, em si por definição, instável, na medida em que todas as