Justiça

400 palavras 2 páginas
Na história recente o papel do Estado sobre a sociedade e a economia se fez cada vez mais presente, ao mesmo tempo em que as decisões governamentais tornaram-se mais controversas e críticas. Há críticos que negam a necessidade dessa expansão, mas hoje há, devido à própria diversificação das atividades nas quais as pessoas se engajam, uma maior demanda para um papel regulador do Estado sobre as vidas particulares. Nas sociedades democráticas em que vivemos, o debate público é cada vez mais técnico e sutil, apesar de ainda mais importante. O livro Justiça, de Michael Sandel (editora Civilização Brasileira, tradução de Heloísa Matias e Maria Alice Máximo) é uma leitura agradável e divertida que apresenta conceitos filosóficos de justiça e os ilustra com exemplos interessantes, como a venda de órgãos, ação afirmativa e o serviço militar obrigatório. Dessa forma, Sandel também busca um chamado ao debate e à participação na vida pública.

Contudo, Sandel, por todo o livro, é incapaz de definir justiça de forma coerente: por um lado, isso dá liberdade ao leitor, que pode escolher pela visão de justiça que lhe pareça mais consistente (afinal, o livro é baseado em um curso introdutório oferecido em Harvard), por outro lado Justiça às vezes parece uma coleção de ensaios distintos, sem elementos comuns e sem um tema que os unifique. E, mesmo assim, o autor claramente demonstra a sua opinião (alinhada à linha comunitarista): enquanto as visões libertárias e o utilitarismo são bastante criticados, o capítulo referente à teoria de justiça de Aristóteles está repleto de argumentos em defesa dessa visão, quase sem nenhum comentário crítico. E, assim, perdido entre o livro-texto introdutório e o ensaio, entre o desejo de imparcialidade e a imposição da própria visão, Justiça é um texto confuso e covarde, que em nenhum momento busca revelar o seu caráter e definir o seu propósito.

Há, de toda forma, trechos muito interessantes, em especial o capítulo dedicado à ação afirmativa.

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