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Quem tem medo da arte contemporânea? Se por um lado essa pergunta remete a algo capaz de provocar pavor, por outro retrata um sentimento comum quando o assunto é arte. Não por acaso, tal indagação dá título a um livro publicado em 2007 pela Fundação Joaquim Nabuco, do Recife, com base em uma série de aulas ministradas pelo crítico de arte e curador Fernando Cocchiarale. E por que a arte contemporânea suscita temores? Porque, como descreve o autor, “habituamo-nos a pensar que a arte é uma coisa muito diferente da vida, dela separada pela moldura e pelo pedestal e, aliás, a arte foi mesmo isso durante a maior parte de sua história”. Assim foi no Renascimento, no século XVIII, e também até meados do século XX, antes de o planeta assistir ao ocaso de sua própria ideia de mundo com guerras e novas tecnologias de produção e comunicação.

Dessa forma, continua Cocchiarale, “a ideia de uma arte que se confunda com a vida é difícil de assimilar porque o nosso repertório ainda é informado por muitos traços conservadores”. Uma primeira conclusão seria, portanto, que a arte contemporânea é a que se produz nos dias atuais, que é impossível dissociá-la das sensações e descobertas que torpedeiam o mundo ou mesmo da existência cotidiana de um cidadão. Mas é viável demarcar fronteiras cronológicas para seu surgimento. “De um ponto de vista consagrado em termos historiográficos, é a arte feita a partir do início da década de 1960, quando as certezas e utopias que definiam o projeto da arte moderna se esgotam, e outras possibilidades (arte pop, minimalismo, arte conceitual) se impõem como alternativas. É razoável, ainda, defini-la como a arte que se debruça sobre as questões de seu tempo e que problematiza o mundo em que vivemos”, sustenta o pesquisador, crítico e curador Moacir dos Anjos, responsável pela curadoria do Panorama da Arte Brasileira no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 2007.

Pioneirismo e ambivalência
Por “problematizar”, é saudável entender não uma

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