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17916 palavras 72 páginas
CAPITALISMO, ESCRAVIDÃO E A ECONOMIA
CAFEEIRA DO BRASIL NO LONGO SÉCULO XIX1
Rafael de Bivar Marquese2
Eric Williams e a historiografia sobre a escravidão brasileira
A publicação de Capitalism & Slavery foi contemporânea ao aparecimento de uma obra canônica para a compreensão do passado brasileiro. Com efeito, apenas dois anos antes da edição do livro de Eric Williams, veio a lume Formação do Brasil
Contemporâneo, de Caio Prado Jr. Não obstante suas diferenças, ambos os livros apresentavam vários pontos em comum: a importância conferida às economias das regiões tropicais do Novo Mundo para a formação do capitalismo europeu, o peso decisivo da escravidão negra nelas, os impactos negativos da herança colonial escravista para as formações nacionais no Caribe e na América Latina. As convergências entre as perspectivas de Williams e Prado Jr podem ser aquilatadas pelo trabalho pioneiro de Alice P. Canabrava sobre a indústria açucareira antilhana na primeira metade do século XVIII: finalizado em 1945, sem tempo hábil, portanto, para tomar ciência de Capitalism & Slavery, a tese de Canabrava se aproximava notavelmente das conclusões a que havia chegado Eric Williams, valendo-se para tanto do modelo analítico de Caio Prado Jr. e da prática de uma história econômica associada, naquele momento, à primeira geração da Escola dos Annales3.
Não é surpreendente, assim, a recepção positiva que a obra de Williams encontrou nas ciências sociais brasileiras a partir de fins da década de 1950, impacto que se prolongou por duas décadas. Capitalism & Slavery foi relevante tanto para
Celso Furtado, economista filiado ao pensamento da CEPAL, como para o grupo de sociólogos da Universidade de São Paulo associados a Florestan Fernandes e
Roger Bastide, que dele se utilizaram para reavaliar e criticar teses consagradas sobre a democracia racial brasileira4. A perspectiva analítica de Williams, enfim,
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