Irigaray E Vergara 2009 Mulheres No Ambiente De Trabalho
Autoria: Hélio Arthur Reis Irigaray, Sylvia Constant Vergara
Resumo: A discriminação por gênero no ambiente de trabalho tem sido objeto de diversos estudos; no entanto, estes não discutem a possibilidade de existirem traços psicográficos sobrepostos, que podem atenuar ou acentuar esta prática. A pesquisa aqui apresentada, iluminada pela premissa ontológica da pós-modernidade crítica buscou averiguar se a discriminação do gênero feminino no ambiente de trabalho é um fenômeno social isolado ou ela se imbrica com outros tipos de discriminações. Para tal, foi realizada uma pesquisa de campo, nas entre março de 2006 e julho de 2008, em empresas públicas e privadas quais foram entrevistados 33 mulheres e 37 homens, de variadas idades, etnias e orientações sexuais. Os relatos foram transcritos e submetidos à análise do discurso. O campo revelou que: a) as mulheres são, de fato, submetidas a práticas discriminatórias no ambiente de trabalho, as quais, não raramente, se escondem sob a máscara do humor e informalidade; b) apesar de atitudes e comentários machistas, os homens não se percebem como tal; c) a cultura nacional brasileira prevalece sobre as culturas organizacionais; d) gênero não pode ser tratado como uma categoria sólida, uma vez que as questões estéticas, etnia, classe social e orientação sexual acentuam a discriminação e, finalmente, e) ao contrário do que acontece com os negros, feios e homossexuais, os quais vêem a discriminação ser atenuada por uma posição social ou hierárquica mais favorecida, o mesmo não acontece com as mulheres.
Introdução
As afiliações sociais herdadas e tradicionalmente atribuídas aos indivíduos como definição de identidade, tais como etnia, gênero, nacionalidade e classe social estão se tornando mais diluídas (Bauman, 2005), e o individualismo se exacerba à medida que o capitalismo se cristaliza como sistema predominante de relações econômicas (Marcuse,
1973). Paradoxalmente,