Ines02

833 palavras 4 páginas
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE LETRAS
LITERATURA PORTUGUESA I

MARIA CLARA DE SOUZA
MARIA CLARA DEFANTI
PAULO SÉRGIO
RICARDO PEREIRA
VICTOR SOARES RODRIGUES PEREIRA

A QUESTÃO DA CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL PORTUGUESA À LUZ DO RELATO DE VASCO DA GAMA SOBRE INÊS DE CASTRO N`OS LUSÍADAS

NITERÓI
2014.02

O mytho é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mytho brilhante e mudo —-
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.

Fernando Pessoa

Em um dos mais belos episódios de Os Lusíadas, trazido à luz no Canto III a partir da estrofe cento e dezoito, o herói lusitano Vasco da Gama, que permanecia em narrar ao Rei de Melinde a História de Portugal em sua primeira dinastia
, detém-se ao marcante episódio de Inês de Castro, logo após a vitórias e glórias de D. Afonso IV que acabara de regressar à Lusitânia, como podemos observar na estrofe que inicia este episódio:
"Passada esta tão forma próspera vitória,
Tornado Afonso à Lusitânia Terra,
A se lograr da paz com tanta glória
Quanta soube ganhar na dura guerra,
O caso triste e dino de memória,
Que do sepulcro os homens desenterra,
Aconteceu da mísera e mesquinha
Que despois de ser morta, foi Rainha"
(III, 118)

Com a leitura das estrofes conseguintes, percebe-se que esse episódio possui uma força lírica demasiada em meio a uma narrativa épica lusitana: canta-se o amor; sua personificação e força. Lá Inês é colocada como vítima, vítima de um amor em meio a jogos de poder, esse amor trágico tal qual Tristão e Isolda ou mesmo Romeu e Julieta. Não há um aprofundamento qualquer sobre a personagem, sua história, fora a imagem do amor transcendente e belo que surgira entre os amantes. Pouco importa que Inês fosse uma ameaça política aos reinos de Portugal (ora, Inês tinha sangue de Castela, fato que tanto fez temer D. Afonso de uma possível reunificação dos territórios), seu assassinato foi algo deveras cruel em meio a um sentimento tão puro de

Relacionados