Individo, sociedadade, cultura e pesquisa

7717 palavras 31 páginas
A MULHER CHEFE DE FAMÍLIA
E O FENÔMENO DA VIOLÊNCIA

Tânia Rocha Andrade Cunha*
RESUMO
É cada vez maior o número de mulheres que se responsabilizam sozinhas pela manutenção da família. O crescimento do número de lares chefiados por mulheres resulta de fatores como a viuvez, o aumento das separações e a opção pelo não recasamento, da maior incidência de mães solteiras, ou mesmo da impossibilidade de os parceiros garantirem o provimento da casa.
Para este estudo, optou-se por fazer uma análise das experiências de vida de vinte e uma mulheres chefes de família de diferentes camadas sociais, com o intuito de diagnosticar sua condição e desvendar a sua situação objetiva como força de trabalho, mas, também, de compreender como o fenômeno da violência contra as mulheres contribui para o crescimento de famílias por elas chefiadas.
PALAVRAS-CHAVE: Gênero; Mulher Chefe de Família; Violência.
Na sociedade contemporânea, podemos verificar que tanto o homem como a mulher estão submetidos a um tipo de violência decorrente do modelo econômico excludente. Entretanto, à situação feminina um agravante é acrescentado: a própria subordinação da mulher ao homem. Tal sujeição, que encontra sua raiz na estrutura familiar patriarcal, está presente em diversos âmbitos da vida social: na educação diferenciada para homens e mulheres, na
Professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Mestre e Doutoranda em Ciências Sociais pela PUCSP. E-mail: rocha@uesb.br.
*

POLITEIA: Hist. e Soc.

Vitória da Conquista

v. 1

n. 1

p. 269-286

2001

270

Tânia Rocha Andrade Cunha

ideologia machista, que é difundida em todas as instâncias sociais, e na discriminação institucional (família, justiça, polícia etc.). Ao manter essa estrutura, a família garante o seu prestígio enquanto instituição e assegura os privilégios dos homens, especialmente daqueles que são ricos e brancos. A violência contra o gênero feminino reveste-se de múltiplas formas,

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