Inconsciente

478 palavras 2 páginas
O imperativo de verbalizar tudo
Desde o início, a clínica psicanalítica definiu-se pela relação especial com a linguagem. Anna O. chamou o tratamento com Breuer de "talking cure", "cura pela fala".2 Mas não se tratava de uma fala qualquer. Era um dizer enigmático, que seduzia e, ao mesmo tempo, atemorizava. Tanto é assim que Breuer fechou os ouvidos. Foi preciso Freud ter adivinhado, nessa corrente verbal da paciente de Breuer, a presença de um sintoma a ser interpretado, para que essa fala começasse a fazer sentido clínico. Com isso, Freud fazia a sua grande e verdadeira descoberta: a dos poderes terapêuticos da verbalização - na presença viva de uma outra pessoa - de verdades reprimidas e, por isso, fontes de distúrbios individuais e interpessoais.Desde então, não somente as patologias psíquicas mas também a estrutura do ser humano, a sua vida sexual, o seu desenvolvimento cultural em geral, isto é, os temas centrais da psicanálise tradicional, passaram a ser tratados em função da sua relação com a fala. A começar pelo problema pré-psicanalítico da afasia, estudado por Freud, até a questão da palavra plena de Lacan, a verbalização, a oralidade, o caráter propriamente glóssico3, lingual, da fala permaneceu no centro da teorização e da prática clínica de tipo psicanalítico.4
As práticas de verbalizar o censurado começaram na cultura ocidental muito antes do surgimento da psicanálise. Os confessionários católicos eram os primeiros lugares desse tipo de uso da palavra. Os libertinos franceses do Século das Luzes foram mais longe e tentaram dizer o obsceno publicamente, e não mais sob o segredo da confissão ou apenas sussurrando-o na alcova. O Marquês de Sade levou essa prática ao extremo e começou a verbalizar o abominável. Só os mais comuns dos seus libertinos se comprazem na simples luxúria, na natureza desenfreada. Os mais radicais procuram "irritações" mais fortes e vão de encontro à natureza: buscam violentar, nos outros seres humanos e em si mesmos, a própria

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