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2667 palavras 11 páginas
Utopias inacabadas do urbanismo carioca
Roberto Segre

Desde o início do século 21, o Rio de Janeiro vive uma intensa euforia construtiva, por conta dos megaeventos que se aproximam: o Mundial de Futebol em 2014 e a Olimpíada em 2016. Apesar dos projetos e concursos que irão definir obras em diferentes áreas da cidade, não se efetivou uma participação significativa do chamado jet set internacional - estão em andamento somente o Museu da Imagem e do Som, de Diller Scofidio + Renfro, em Copacabana, e o Museu do Amanhã, de Santiago Calatrava, no píer Mauá. Importantes conjuntos foram elaborados por arquitetos locais ou por estrangeiros pouco conhecidos.
O grande debate nestes últimos anos está centrado na contraposição entre a localização da maioria das instalações esportivas na Barra da Tijuca e em Jacarepaguá e a implantação de infraestruturas significativas no centro da cidade, em particular na zona portuária.
Investimentos milionários estão previstos no conjunto do Porto Maravilha, que originou o importante concurso de projetos organizado pelo IAB/ RJ, em parte questionado legalmente e de duvidosa significação arquitetônica e urbanística.
Uma abstrata proliferação de torres dominou a imagem da maioria das propostas apresentadas, reafirmada com a participação tardia de Donald Trump com seis arranha-céus anônimos que, se concretizados, aproximariam o Rio de Janeiro dos modelos das cidades de Dubai, Xangai e Hong Kong.
O que parece preocupar arquitetos e urbanistas, ansiosos por efetivar mudanças significativas na capital carioca, que alcancem tanto os valores estéticos quanto a melhoria das condições de vida da população, é a ausência de uma visão global que estimule uma intervenção mais efetiva na malha urbana, como ocorreu em Barcelona e recentemente em Londres. Continua-se valorizando a orla da baía de Guanabara desde o centro até a Barra de Tijuca - o Rio solar de Zuenir Ventura -, e persiste esquecido o Rio noir e profundo dos bairros de Campo

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