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Sobre o Conceito de Saúde Pública1

O que se entende por Saúde Pública? Múltiplas poderiam ser as respostas. Distintas para diferentes autores.
É, por conseguinte, oportuno clarificar o conceito que se pretende adoptar para a Nova Saúde
Pública, moldando uma definição socialmente compreendida e aceite.
Se é indiscutível que a Hipócrates se deve a explicação que as doenças são provocadas por causas naturais, sendo, por isso, universalmente considerado o fundador da Medicina, também é seguro que abordou questões e problemas de Saúde Pública (designadamente no âmbito da descrição de doenças transmissíveis e da saúde ambiental) pelo que pode, igualmente, ser associado ao início da Saúde Pública.
São conhecidas, desde há muito, as interacções entre saúde e desenvolvimento socioeconómico. Não há saúde sem desenvolvimento, nem desenvolvimento sem saúde.
Princípios, hoje, inquestionáveis em Saúde Pública.
Até há relativamente pouco tempo (segunda metade do século XVIII), a ruralidade impunha-se com carácter predominante. Os homens, mulheres e crianças, organizados em famílias extensas, estavam expostos a riscos, então incontroláveis, reflectidos na expressão da mortalidade infantil e juvenil: metade das crianças nascidas não atingia a idade adulta. À época, a Medicina não conseguia reduzir esses problemas. As doenças transmissíveis eram, ainda, todas elas, inevitáveis.
No século XIX, os estudos conduzidos por Edwin Chadwick (1800-1890) evidenciaram a importância das condições de higiene e saneamento do meio ambiente na saúde individual e colectiva das comunidades e estão na origem da publicação da primeira Lei de Saúde Pública no Reino Unido (1848).
Em Portugal, muito antes do Movimento Sanitarista de Inglaterra, é preciso realçar o papel desempenhado, com lucidez, pelo Marquês de Pombal na reconstrução de Lisboa depois do terramoto de 1755. Reconhecendo a importância de proteger os cidadãos e reduzir factores de risco, Sebastião José de Carvalho e Melo contou com o

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