Humor

O Riso dos Outros

Fazer rir é uma arte. E como toda arte há bons e maus artistas, assim é também com os humoristas. O jovem diretor de 28 anos, Pedro Arantes, reuniu vários comediantes e desenvolveu um documentário a partir da pergunta: “Qual o limite do humor?”. Certamente a resposta é um tanto quanto relativa. O fundamento do humor está nos valores compartilhados socialmente, nem a piada nem o riso ocorrem no vácuo, seus alicerces são culturais, sociais, políticos e ideológicos. O humor reforça os estereótipos, buscando o reconhecimento, o aplauso, o riso. Acontece que uma regra foi tomando conta da “graça”, o ataque às minorias – negros, mulheres, gays, lésbiscas, deficientes físicos, etc. - virou “lei”. Para muitos a forma mais fácil de provocar o riso é investir no preconceito, nos estereótipos. Se estes são compartilhados pela maioria, basta dizer o que a maioria quer ouvir. Para tirar a “culpa” das costas dos comediantes, muitos usam o argumento de que é resgatado algo inculcado pelo ouvinte. “Tá na cabeça de quem ri!” Um exemplo sutil é a piada sobre a Preta Gil, de como o comediante se desresponsabiliza e transfere a “culpa” para o público. Ao arrancar risadas, Danilo Gentili diz que a platéia não deveria ter rido. Mas, por que ele conta a piada? Ora, porque o público ri. Conclui, então, que o “f.d.p.” é quem ri. “Não eu!”, afirma Gentili. O fato é, quando fazem uma piada preconceituosa nós rimos, mas também podemos refletir sobre ela. Arantes cita uma de suas experiências: “Mais jovem eu ria muito de piada de gay. Hoje em dia, já tendo pensado sobre isso, eu realmente não acho mais graça.” É muito simples partir do pressuposto de que o humorista apenas expressa o que a maioria pensa. Ele também é educado pela mesma sociedade que forja e cristaliza tais pensamentos. E como garantir que ele não incorpora o discurso que pronuncia ao seu público?! Nunca sabemos o que se passa na cabeça de um humorista já que o argumento é expressar o pensamento da