humberto mauro
Análise do filme “O Descobrimento do Brasil”
O filme de 1936 dirigido por Humberto Mauro teve “Colaboração Intelectual e Verificação Histórica” de Roquette – Pinto, Affonso de Taunay e Bernardino José de Souza, conforme é mostrado nos créditos iniciais da obra. O primeiro, intelectual de projeção nacional e diretor do Museu Nacional, foi um dos idealizadores do cinema educativo, que fazia parte de um projeto de desenvolvimento dos meios de comunicação implementado à época para uma maior identidade nacional. Roquette – Pinto defendia que o rádio e o cinema deveriam ser colocados a serviço da educação, o que contribuiria para a formação do trabalhador do campo e a nacionalização dos habitantes do litoral, argumento este que confirma e exemplifica a sua visão orgânica da sociedade, tal que “num país como o Brasil, em que os imigrantes não se nacionalizavam, esse sangue novo se convertia em corpo estranho (...) embolia que gera as mais sérias perturbações.” Já Affonso de Taunay era um historiador do Instituto Histórico e Geográfico que, junto com Roquette – Pinto estabeleceu o roteiro do filme, demonstrando o caráter oficial que a produção passou a ter. Humberto Mauro foi diretor técnico do INCE (Instituto Nacional do Cinema Educativo), tendo ingressado neste a convite de Roquette – Pinto. O diretor se utilizou de diversos recursos técnicos para construir uma obra que retrata o descobrimento do Brasil de forma parcial visto que foi tomada a perspectiva portuguesa no que deveria ser uma reconstituição histórica do acontecimento, e o fato de as filmagens terem sido feitas como se Humberto Mauro estivesse como um repórter na frota de Cabral comprova essa ideia. Também, foram tomadas como base para o roteiro, duas fontes: a carta de Pero Vaz Caminha ao rei D. João VI e o quadro “Primeira Missa no Brasil” pintado em 1860 por Victor Meirelles. A obra, então, se desenvolve em paralelo à carta de Pero Vaz Caminha, da qual