Holocausto brasileiro

Resenha do Livro “Holocausto Brasileiro” de Daniela Arbex

Esta obra apresenta um compilado de reportagens sobre acontecimentos e personagens relacionados ao maior hospício do Brasil, o Colônia, como ficou conhecido. Localizado em Barbacena, Minas Gerais, foi construído por volta de 1900 e funcionou até 1994, quando teve seu último leito desativado. Em 1930, com a superlotação da unidade (pavilhão Afonso Pena, uma das alas do Colônia), uma história de extermínio comecoes a ser desenhada. Existiam 5 mil pacientes em um lugar projetado inicialmente para 200. Segundo dados oficiais, pelo menos 60 mil pessoas morreram por trás do muros do Colônia.
A narrativa do livro intercala relatos de pessoas que acompanharam de perto todas as atrocidades cometidas nesse ambiente e também o ponto de vista de pessoas fora da instituição, que de alguma forma puderam tomar consciência do que se passava por trás da fachada de hospital psiquiátrico. O livro também traz passagens emocionantes de relatos através dos olhos de quem viveu e sobreviveu ao “porão dos loucos”, bem como relatos de parentes próximos ou pessoas que tiveram a coragem e ousadia de se pronunciar contra as formas de tratamento do hospital e contribuíram de forma significativa para mudar a história da psiquiatria manicomial no Brasil.
O livro nos conduz à leitura de um enredo onde o ser humano comete crueldades e exclusão contra seu igual por intolerância a qualquer que desvie dos padrões que se tem como normal ou aceitável, causando choque, revolta, vergonha. Citando a própria autora, “tragédias como a dor do Colônia nos colocam frente a frente com a intolerância social que continua a produzir massacres: Carandiru, Candelária, Vigário Geral, Favela da Chatuba são apenas novos nomes para velhas formas de extermínio. Ontem foram os judeus e os loucos, hoje os indesejáveis são os pobres, os negros, os dependentes químicos, e, com eles, temos o retorno das internações compulsórias temporárias. Será a reedição