História das remoções no rj

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nmSe hoje o tráfico de drogas, a violência e outros problemas tiram o sono dos moradores de favelas, até meados dos anos 70 o grande pesadelo nas comunidades era o fantasma das remoções. A idéia de deixar casa, amigos e ir morar a 30 quilômetros do Centro da cidade, assustava. Principalmente para quem morava na Zona Sul, área nobre do Rio. "Foi difícil me acostumar com o subúrbio. Chorei muito na hora de ir embora", confessa Margarida Siqueira da Silva, ex-moradora da Favela da Catacumba, onde foi criada. Ela viu a comunidade ser demolida no ano de 1970, para a construção de apartamentos de luxo na Lagoa Rodrigo de Freitas.
No auge da ditadura militar, o Governo Federal criou um órgão chamado Coordenação da Habitação de Interesse Social da Área Metropolitana do Grande Rio (Chisam), que tinha como objetivo principal acabar com todas as favelas da cidade num prazo máximo de dez anos. De 1968 até 75, cerca de 100 comunidades foram destruídas e mais de 150 mil pessoas removidas.
“Houve pressão externa e também muita especulação imobiliária. Políticos e construtoras tinham interesse na 'desfavelização' da Zona Sul. A verdade é que foi uma questão de jogar o problema para longe. Todos os conjuntos habitacionais construídos nessa época depois se transformaram em guetos”, afirma o sociólogo José Artur Rios, Coordenador de Serviço Social do governo Carlos Lacerda e autor de um dos primeiros estudos sobre favelas, nos anos 60.
Essa política “remocionista” rende até hoje muita polêmica entre pesquisadores e ex-moradores das favelas atingidas. Alguns dos principais líderes comunitários teriam sido cooptados pelo governo para ajudar no processo de cadastramento e na logística das mudanças. “O Estado passou a criar mecanismos de coação, troca de favores. Algumas associações foram, inclusive, criadas pela própria Prefeitura para facilitar as remoções. Pobre nessa época não tinha direitos, basta lembrar que os analfabetos não votavam.”, argumenta Marcelo Baumann Burgos,

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