Historiografia e Cultura no Brasil
Os estudos de História da Cultura no Brasil, apesar de se adensarem na década de 1980, já estão presentes no trabalhos de pesquisadores brasileiros desde o início do século XX. Além disso já se nota em trabalhos da segunda metade do século XIX uma preocupação com o cultural.
Os trabalhos de Gilberto Freyre são bons exemplos dessa trajetória. Apesar de marginalizado na Academia por causa de suas posições políticas (o autor foi a favor do Golpe de 1964 e do salazarismo em Portugal), sua tentativa de ler a cultura popular em busca da caracterização e explicação do brasileiro já pode ser tomado como significativo daquelas preocupações. Seus trabalhos sobre alimentação no período colonial – em especial o açúcar – demonstraram não somente o processo de consumo do açúcar, mas a ligação desse doce com as amarguras de sua produção. O item de luxo e deleite só seria possível através do árduo trabalho compulsório humano.
Mas Freyre realiza uma análise social (sociologia), cultural (antropologia) do Brasil colonial (história) e assim colocou-se a questão de definição de fronteiras. Estas deveriam ser, conforme Sandra Jatahy Pesavento, amplas o bastante para permitir o diálogo, mas fechadas o bastante para não permitir que a essência de um ofício pudesse ser perdida. Colocaram-se por assim dizer os problemas da Multidisciplinaridade e da Interdisciplinaridade. No primeiro caso os pesquisadores de áreas diversas perceberam que pretendiam olhares diferentes sobre o mesmo objeto (de acordo com a especificidade de seus objetivos: a Antropologia pode pesquisar o passado, área da História, mas com outros interesses...). A Multidisciplinaridade foi importante pois permitiu utilizar metodologias de outras áreas para conhecer um dado objeto. A troca de experiências logo se somou a necessidade de áreas diversas inter-relacionarem-se para explicar um objeto comum, é a interdisciplinaridade, agora amplamente utilizada pelos