historia do direito
Marsílio de Pádua (1280-1343), um importante pensador político medieval, escreveu o Defensor pacis, sua obra principal, em 1324. Nela, discutiu os principais conflitos de sua época e tentou assegurar a supremacia de poder do imperador, ameaçada naquele momento, ao menos no plano teórico, pelo papado que pretendia que o império proviesse do papa e arrogava-se o direito de designar, controlar e julgar o imperador. Para fazer tal análise, o paduano afirmou que se serviria de métodos corretos elaborados pela razão e apoiados em proposições bem estabelecidas e evidentes por si mesmas. Este trabalho de mestrado discutiu a ascensão histórica do papado, bem como as alternativas encontradas por Marsílio para constituir poder civil laico. Para isso, analisamos sua teoria conciliar e sua ideia de delegação e representação do poder.
Publicado em 1324, este é sem dúvida o trabalho mais interessante de Marsílio de Pádua (1280-1343). Penso primeiro nas passagens, dispersas, sobre a situação italiana no início do século 14: um quadro tomado por conflitos e decadência, que Marsílio atribui à interferência do papa no governo do imperador sobre a Itália. Há também aquelas sobre a corrupção da igreja, vista como resultado da centralização empreendida durante séculos pelo papado. São como imagens de uma época cuja mentalidade e formas de organização social já nos escapam em grande parte. Diria que "O Defensor da Paz" é um livro de momento, escrito com um olho no conflito entre o papa João 22 e o imperador eleito Luís de Baviera. Mas seria um erro imaginar que não veja nada além. A primeira condenação pela igreja se apressou exatamente em enquadrá-lo no cenário daquele conflito. O enquadramento é bem suspeito, pois tira a força do livro. A recusa de João 22 em reconhecer a eleição de Luís de Baviera como imperador é vista por Marsílio de uma perspectiva bem mais abrangente, como mais um capítulo numa história, então quase milenar, na qual os papas forjaram seu lugar