Antes de adentrar propriamente na sua abordagem sobre a questão do ser, Heidegger diagnostica como necessário despertar-nos para um vicio fundamental da tradição filosófica, que se iniciara já nos primórdios gregos, com a Metafísica nascente de Platão e Aristóteles, e se estendera ate a modernidade da certeza cientifica, passando pelas releituras teológicas da era medieval. Por tal razão, nosso filosofo existencialista tece a introdução a sua mais conhecida obra, Ser e Tempo, na intenção não somente de expor uma critica a Historia da Filosofia, mas de esclarecer a confusão que alimentou esse vicio filosófico no decorrer de tantos séculos. Segundo Heidegger, desde que a filosofia escolheu a questão do ser como sua menina dos olhos, elevando, assim, a metafísica a um patamar privilegiado, ela vem se deixando levar por uma confusão que a impediu de se entregar espontaneamente a verdadeira ontologia, ou seja, ao estudo propriamente do ser. Mas que confusão seria essa? Basicamente, segundo Heidegger, a Filosofia teria confundido os conceitos de ente e de ser, tratando como ser o que era ente. Criando, algo tipo, dogmas que impediam a recolocação da questão do ser, na realidade, três dogmas, o primeiro, o ser é o conceito mais universal que há; o segundo, o ser articula-se, conceitualmente falando, de acordo com gênero e espécie; terceiro, o ser é um conceito expresso por si só a medida que todo conhecimento relaciona-se diretamente com esse conceito, sejam eles relativos aos entes ou aos próprios seres. Melhor dito, a filosofia teria igualado tais conceitos, acreditando que, ao falar sobre o ente, estaria, então, dando conta da questão do ser. Ou seja, quando fala do “ser”, na verdade, a filosofia esta se referindo ao conceito de “ente”. E então, quando se dedica ao estudo ontológico, a filosofia está, na verdade, formulando um escrito ôntico. Mais ainda, tirando pela percepção heideggeriana, a filosofia, ate então, não houvera nunca feito, de fato, uma