haushushaush

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Na primeira parte desta obra, consagrada aos pressupostos gnoseológicos das nossas análises sobre a verdade histórica, distinguimos três acepções do adjectivo «objectivo» empregado para qualificar o conhecimento. Lembremos essas acepções:

1) É «objectivo» o que vem do objecto, ou seja o que existe fora e independentemente do espirito que conhece; portanto, é «objectivo» o conhecimento que reflecte (numa acepção particular desta palavra) este objecto;

2) é «objectivo» o que é cognitivamente válido para todos os indivíduos;

3) é objectivo o que está isento de afectividade e, portanto, de parcialidade.

O adjectivo «subjectivo» designa respectivamente:

1) o que vem do sujeito;

2) o que não possui um valor cognitivo universal;

3) o que é emocionalmente colorido e, por este motivo, parcial.

Comecemos pela primeira acepção da palavra «objectivo». O conhecimento é objectivo, dissemos nós, quando vem do objecto quando constitui um reflexo especifico dele. Para um materialista esta tese é banal; mas as complicações começam a manifestar-se, mesmo para um materialista, talvez mesmo sobretudo para um materialista (para o idealismo subjectivista, o problema não se põe), desde que se encare o papel do sujeito que conhece ou, noutros termos, o papel do factor subjectivo no conhecimento.

Ao apresentarmos os nossos pressupostos gnoseológicos, assinalámos o risco de uma interpretação mecanicista do processo do conhecimento, ou seja do caso em que se concebe o primeiro termo da relação sujeito-objecto como um elemento passivo. E, com efeito, ao longo da nossa análise das determinações do conhecimento histórico, pudemos ver a que ponto uma tal concepção estava errada. O sujeito desempenha um papel activo no conhecimento histórico, e a objectividade desse conhecimento contém sempre uma dose de subjectividade. Senão, esse conhecimento seria a-humano ou sobre-humano.

Apesar do que sugere o qualificativo empregue, o conhecimento objectivo comporta sempre

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