grandes temas de biologia
Ano I - nº 1- Rio Pesquisa
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SOS caranguejos fluminenses
Cientistas da UFRRJ avançam na criação em cativeiro
Mario Nicoll
C
ientistas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) descobriram que as larvas de caranguejo se desenvolvem com mais rapidez e resistência quando submetidas a uma alimentação específica em cada fase de seu desenvolvimento. A descoberta possibilitará a larvicultura – criação de larvas em cativeiro – e a reposição de caranguejos jovens em seu habitat natural. Coordenado pela
bióloga Lídia Miyako Yoshii Oshiro, o estudo é desenvolvido na Estação de Biologia Marinha (EBM) de
Itacuruçá, na Costa Verde, litoral do
Rio de Janeiro.
Contemplada pelo programa Cientistas do Nosso Estado, a pesquisa
“Manejo e conservação dos caranguejos de importância econômica do
Estado do Rio de Janeiro” investiga não só a alimentação, mas também a densidade de estocagem, salinidade e temperatura da água ideais para a larvicultura. “Queremos viabilizar a
técnica para possibilitar a reposição dos animais jovens. Isso amplia o uso sustentável do recurso explorado pelos caranguejeiros e contribui com a biodiversidade do ecossistema manguezal”, planeja Lídia, doutora em Ciências pela Universidade de
São Paulo.
Degustados com freqüência em bares e restaurantes à beira-mar ou oferecidos vivos a turistas nas cidades litorâneas, os caranguejos da costa fluminense vêm sendo ameaçados não só pela superexploração, como
Fotos: Divulgação UFRRJ
O caranguejo uçá é uma das espécies pesquisadas em Itacuruçá
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também pela degradação ambiental.
Para garantir sua existência no estoque natural, a pesquisadora estuda as três espécies mais consumidas: guaiamum, uçá e guaiá.
A equipe coordenada por Lídia conseguiu resultados inéditos com a produção de megalopas – fase intermediária entre a larva e o caranguejo jovem – num tempo bastante reduzido em relação aos conhecidos