Grandes empreendedores - Roberto Marinho

Roberto Marinho

Um importador de ideias

Durante algum tempo, Marinho manteve as melhores relações com getulistas influentes. Com o final da segunda guerra mundial, coincidindo com o acaso do primeiro período getulista, Marinho cuidou de se aproximar no novo presidente marechal Eurico Gaspar Dutra, eleito em 1946. Ele sabia que ao contrário de Getúlio, Dutra era inimigo declarado do Cassinos. Percebeu assim nessa circunstância uma maneira de agradar o presidente, além de aumentar a triagem de seu jornal.
Meses antes, o fotógrafo Jean Manzon escalou o telhado do prédio vizinho ao Cassino Atlântico, em Copacabana, e descobriu uma fenda na claraboia sobre a mesa central e passou parte da noite fotografando os jogadores. A reportagem deveria sair na revista O Cruzeiro para qual o fotógrafo trabalhava. O dono de O Cruzeiro se recusou a publicar as fotos, temendo perder os anúncios das casas de jogo; Manzon foi oferecer a O Globo. Roberto Marinho comprou todas as fotografias, mas retardou sua publicação até que a ascensão de Dutra fosse um fato consumado.
Dutra tomou posse no dia 31 de janeiro de 1946, no mês seguinte, O Globo trouxe uma nota declarando ter decidido não mais aceitar a publicação de anúncios de Cassinos. No dia 28 de abril, as fotografias de Manzon começaram a aparecer na primeira página do jornal, abrindo uma série de reportagens sobre os malefícios do jogo. Ao final da série que durou uma semana, um decreto do marechal Dutra declarava o jogo ilegal em todo o país.
Para atrair leitores e, consequentemente, mais anunciantes, Marinho não hesitava em investir na compra de automóveis, lanchas e até aviões de pequeno porte para reportagens.
Marinho também tinha ideias que produziam lucros imediatos. Uma de suas inovações foi trazer para o Brasil a invenção norte-americana do Dia dos Pais. Na época, 1952, a maioria dos profissionais acreditava que a novidade não daria certo por