Globalização
ARM - ESPERO POR UM AMANHÃ, 2003 - RODRIGO C. CAETANO, ÓLEO S/TELA
Em entrevista concedida à GV-Executivo, Omar Aktouf, professor titular da HEC Montreal, fala sobre os paradoxos e desafios da globalização. Autor do livro Pós-globalização, administração e racionalidade econômica, recentemente publicado pela Editora Atlas, Aktouf nos convida a repensar o papel do gestor e a capacidade de as empresas obterem sucesso ao se deparar com a pós-globalização.
por Eduardo Davel Télé-université, CANADÁ e Carlos Milani UFBA
Diante da leva de tensões e debates gerados na última década, a globalização ainda é uma noção relevante para pensar a sociedade e as empresas contemporâneas? OA: Minha resposta será, paradoxalmente, sim e não. Sim, porque é difí-
cil, senão impossível, viver em um sistema autárquico, pouco importa o país e a região. Assim, de um lado, na condição de evolução do comércio e de trocas favorecendo uma maior integração entre diversos países e mercados, uma melhor repartição das riquezas e um melhor equilíbrio de
complementaridade entre os países, a globalização é um processo desejável. Por outro lado, eu também digo não, pois a globalização que nos é imposta pelas instituições de Bretton Woods e do Consenso de Washington é uma pura e simples tutela da economia planetária por parte das
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multinacionais. Como disse Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de economia, “o livre comércio não é apenas a liberdade de trocar”. Com o avanço da globalização neoliberal, estamos assistindo ao aumento do abismo entre pobres e ricos, à competição e à beligerância comerciais e ao rebaixamento dos países mais desvalidos, como testemunha a situação experimentada pelo México, por exemplo. A globalização ainda é uma noção pertinente, todavia necessita de revisão total para que possamos pensar a sociedade e as empresas contemporâneas a partir de um verdadeiro espírito de reciprocidade de relações e