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A FORMAÇÃO DO “CIDADÃO CRÍTICO, CRIATIVO, PARTICIPATIVO”: UM
DISCURSO AQUÈM DA PRÁTICA Maria de Lourdes Santos Ferreira
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri – UFVJM –
Diamantina/MG

1. Introdução Este trabalho se inscreve num conjunto de reflexões que venho desenvolvendo ao longo da minha carreira profissional e que teve sua primeira sistematização durante o curso de mestrado.
Naquele momento, o que me instigou à investigação foi a lacuna entre “o falar e o fazer”, presente nas práticas docentes de professores participantes de um programa de capacitação, implementado pela Secretaria de Estado da Educação de
Minas Gerais, em parceria com instituições de ensino superior.
O programa denominado PROCAP – Programa de Capacitação de
Professores – visava à promoção da melhoria da qualidade do ensino através da
“qualificação” dos professores que atuavam nas séries iniciais. Para tanto, muito se investiu nos cursos de treinamento, com ênfase, principalmente, no aspecto metodológico, partindo do pressuposto de que, com uma metodologia inovadora, os professores estariam aptos a formarem “cidadãos críticos, criativos, participativos”.
Naquele contexto, minha investigação teve como foco os discursos dos professores, no sentido de buscar compreender em que medida eles, participantes de um programa, cujo objetivo final era a formação de sujeitos críticos, criativos participativos, apresentavam em seus textos, marcas de apropriação dos textos teóricos que orientariam sua prática a partir de então.
O pressuposto básico que norteou a pesquisa foi o de que, para se exercer uma prática de formação de criticidade era necessário que tivessem, eles próprios, professores, uma postura crítica frente ao programa, porque, afinal, não se pode oferecer aquilo que não se possui.
Assim, a análise se pautou na busca, nos discursos, de palavras alheias, palavras própria-alheias e palavras próprias, tomando