George símel

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"Ce sont les nuances qui querellent, pas les couleurs." A frase de Tocqueville (1959, p. 21) bem poderia ter sido adotada por Georg Simmel, o grande mestre na análise dos mais delicados matizes de tom no desenho da vida social. Um desenho que ele não via nos contrastes fulgurantes das cores mas nas gradações, perseguidas até as transições mínimas, no claro-escuro das relações. Talvez não seja demasiado dizer que Simmel parte de uma intuição fundamental, que encontra expressão em um dos seus mais belos ensaios — porque é sempre de ensaios que se trata, como mostrou entre nós Leopoldo Waizbort (1996) —, dedicado ao tema da gratidão, que será intensivamente usado mais adiante. "As relações mais finas e mais firmes vinculam-se não raro a esse sentimento", escreve ele numa passagem. Os laços mais finos são os mais firmes: Simmel está inteiro aí. Até porque a sua visão visceralmente sociológica está orientada para ver a sociedade na perspectiva das aproximações e dos afastamentos, do jogo sutil das distinções entre o estar mais próximo ou mais longe.
O autor das penetrantes análises do papel do dinheiro na vida social certamente trabalhava num registro muito próprio e muito singular. Nele, tudo aquilo que serviria de referência firme para figuras menores — a sociedade como totalidade abrangente, a integração dos indivíduos no conjunto social, a racionalidade como sentido nítido de cada ação, o cálculo eficaz na troca de equivalentes como paradigma da interação — é posto em questão. Os grandes sociólogos europeus da fase pioneira tinham uma percepção aguda daquilo que percebiam como a dimensão trágica da vida social, pela qual esta é levada a produzir as condições mesmas que irão subtrair aos homens o gozo daquilo que a própria sociedade promete, a começar pela possibilidade de sentir-se nela chez soi. Nisto Simmel nada perde para Weber nem para Durkheim, em quem só uma leitura desatenta ocultaria o tema, oculto na sua linguagem severa mas nem sempre inteiramente

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