Gabriella

368 palavras 2 páginas
Não é ciência o que chamamos de senso comum, a forma comum de conhecermos a realidade, sobretudo através da experiência imediata. Temos uma noção das coisas que nos cercam, bem como daquilo que nos constitui. Existe uma maneira de tratar doenças que é típica do senso comum. A dona-de-casa também percebe o problema da inflação, porque nota que os preços sobem contínua e aparentemente sem razão. Ao tentar explicar as razões do aumento de preços, pode aventar coisas inteligentes, ao lado de outras imediatistas.

O que marca o senso comum é ele ser um conhecimento acrítico, imediatista, crédulo. Não possui sofisticação. Não problematiza a relação sujeito/objeto. Acredita no que vê. Não distingue entre fenômeno e essência, entre o que aparece na superfície e o que existe por baixo. Ao mesmo tempo, assume informações de terceiros sem as criticar. É preciso ver que o senso comum nos cerca por toda a parte. Também o cientista pratica senso comum, porque não é especializado em tudo. Temos da vida em geral uma noção de senso comum e acreditamos normalmente nas informações vindas de outras fontes.

[...]

O senso comum é forma válida de conhecimento também. Hoje acentuamos frequentemente o saber popular, baseado fundamentalmente no senso comum. O povo também tem cultura, no sentido de que sabe dizer o que para ele é belo, importante, simbólico etc. Não possui a cultura da elite, por definição sofisticada e muitas vezes rebuscada através de conhecimento científico. Há música popular, feita por pessoa que nunca viu em sua vida teoria musical. Existe arte no artesanato, na literatura de cordel, na culinária, e assim por diante. Pelo fato de não ser sofisticada, não é menos importante.

Isto não deve encobrir as formas crédulas de conhecimento do senso comum, que normalmente são mais ressaltadas. Há crendices, extremas ingenuidades, superstições soltas. No limite trata-se de ignorância. Todavia, o senso comum, menos que ser falta de conhecimento, é uma forma própria dele.

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