Fundamentos da questão habitacional no rio de janeiro: geohistória da acumulação de capital através das reformas urbanísticas e concessões públicas na primeira república (1889-1930).

4383 palavras 18 páginas
Fundamentos da Questão Habitacional no Rio de Janeiro: Geohistória da Acumulação de Capital através das Reformas Urbanísticas e Concessões Públicas na Primeira República (1889-1930).
Julio Cesar Ferreira Santos
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana da USP.
Consultor do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI).
Email: juliocesar.fs@usp.br

CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A QUESTÃO HABITACIONAL NO RIO DE JANEIRO

A crise habitacional, historicamente marcada pela deficiência na produção de moradias, fez-se claramente presente no Rio de Janeiro oitocentista. Problema crônico que persegue a cidade em boa parte de seu processo de desenvolvimento histórico, a chamada “questão” da moradia emerge, de uma forma geral, numa conjuntura marcada por grandes transformações. Os dados estatísticos são os mais precisos indicadores da crise.
Tabela 1. Crescimento populacional entre 1870 e 1890
|Ano |1870 |1890 |Crescimento |
|População |191.002 |425.386 |122,7% |

Fonte: Censo de 1920 (apud Ribeiro, 1997).

Tabela 2. Crescimento domiciliar entre 1870 e 1890
|Ano |1870 |1890 |Crescimento |
|Nº de domicílios |34.792 |60.619 |74,2% |

Fonte: Censo de 1920 (apud RIBEIRO, 1997).

Em um primeiro momento (1870-1890), caracterizado pela emergência da escassez da moradia, podemos identificar primeiramente um grande crescimento populacional, justificado pelos enormes fluxos de migrantes que ancoravam na cidade todos os dias. De origens diversas, a chegada cada vez mais intensa daqueles imigrantes de origem europeia e dos recém-saídos das lavouras do café no Vale do Paraíba serviria para agravar ainda mais a já crítica situação habitacional.

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