Foucault

2021 palavras 9 páginas
8 - O poder da ciência
Desta forma, em O Alienista não se fala de ciência, mas de uma forma nunca tratada antes, seus métodos, sua validade, sua pretensão de conhecimento, seu rigor lógico, suas tendências, sua extensão.
Não se fala, pois, da ciência - o que seria usual e fastidioso para a época; fala-se do poder da ciência - o que representa uma raridade para aquele momento. Machado está preocupado em colocar diante de nossos olhos a pergunta fundamental do ponto de vista da política do saber: que poder é este que emana da ciência, no que se funda qual a razão das imunidades e privilégios que o Alienista toma para si? Nenhum poder é inocente; todo poder deve ter contestadas suas razões.
Esse é o motivo pelo qual Machado não está preocupado com outro modo de conceber a loucura, nem se preocupa com outro tratamento aos internados, o que seria mais "humano". Por isso o texto não contém denúncias ou reivindicações. Não há preocupação com outro caminho para a ciência patológica.
A tensão fundamental do texto está em outro lugar, o poder da ciência que a retórica científica pretende mascarar.
Machado está além de seu século não apenas por questionar a concepção racionalista e positivista da ciência, mas por questionar o poder de todo e qualquer saber que pretenda apresentar-se como rigorosamente objetivo e com pretensões universais. Não há, portanto, razões para sermos otimistas quanto à razão e à ciência.
Machado não deixa de esperar da ciência o conhecimento, resultado, investigação. Nem a razão para ele parece uma coisa ruim. O que Machado mira, é a insânia do exercício de poder inerente à concepção de conhecimento, que a razão e a ciência positivistas enaltecem. O alvo em mira é o poder, essa coisa que não diz seu nome, que gera as mil máscaras por atrás das quais se esconde.

9. A disciplina do corpo

Simão Bacamarte é o corpo disciplinado.
A idéia da ciência é, de fato, sua única ocupação. Mas ela não está apenas, em sua cabeça ou em sua biblioteca.

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