Fminilidade

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O CORPO NO ESPELHO: SOBRE A CONSTRUÇÃO DA FEMINILIDADE CONTEMPORÂNEA LennitaOliveira Ruggi Rosimeire Barboza Silva Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra

Resumo O corpo e sua construção social têm sido uma das temáticas mais relevantes do feminismo acadêmico desde a década de 60. As diferentes exigências nos padrões estéticos para mulheres e homens, a crescente importância econômica do mercado da beleza, bem como a construção da feminilidade como espetáculo são alguns dos argumentos principais elencados pela crítica feminista no debate sobre a corporalidade contemporânea. Muitas vezes demonizadas como principais responsáveis pelo aumento dos casos de anorexia nervosa, as produções midiáticas constituem suporte por excelência para a divulgação dos padrões de beleza femininos que circulam socialmente. A intenção desta comunicação é articular o arcabouço teórico referente à construção do corpo feminino "modelo" com as dimensões de subjetividade e autonomia. Para tanto, investiga o papel dos espelhos no cotidiano das mulheres, instrumento que possibilita a comparação imagética entre o "eu" e "elas", as figuras cujo corpo é proeminente/desejável/midiatizável.

Palavras-chave: Corpo, feminismos, feminilidade contemporânea, construção imagética.

Nunca olhamos para uma coisa apenas; estamos sempre olhando para a relação entre as coisas e nós mesmos (John Berger. 1999, 11).

Os espelhos oferecem, senão o único, o meio primordial de acesso da pessoa à sua própria imagem e, especialmente, face. Fato bastante obscurecido pela cotidiana utilização do espelho. Suas instruções de uso, apesar de não estarem em manuais, perpassam o convívio social e influenciam as representações que o acompanham. Neste sentido, regra geral, espelhos são fixados em paredes de

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banheiros – “regiões de fundo”1. Raramente, entretanto, refletem o vaso sanitário. Espelhos fazem parte, portanto, de uma forma específica de construção do olhar. Ver-se é uma técnica

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