filosofia

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A noção de “utilidade” é intrinsecamente ambígua. De um lado, a distinção e oposição aparentemente claras em relação à inutilidade. De outro, a impossibilidade de saber de antemão se o inútil é inútil porque não é capaz de gerar nada de útil (e, portanto, deve ser deixado de lado porque não serviria para nada), ou se o inútil é aquilo a que se chega quando o útil já cumpriu a sua função (e, portanto, é o que, por não servir para nada, deveria ser o mais procurado).
O problema começa porque entre a modalidade de adjectivo e a de substantivo do termo “utilidade”, há uma diferença importante. E adensa-se porque essa diferença não consiste apenas numa oposição, mas num conjunto de interconexões variáveis entre os sentidos possíveis de cada modalidade.
Como adjectivo de género, significa uma qualidade que se reconhece ou atribui a um objecto que, em função dessa qualidade, pode ter um uso ou servir para alguma coisa. Neste caso, é, para o objecto, uma qualidade negativa, visto que assinala, na sua constituição de objecto, que há algo que não lhe pertence, um valor emprestado que apenas lhe pode ser acrescentado através do uso.
Algo cujo valor é intrínseco é, caracteristicamente, preferível ao que apenas toma valor em função de qualquer outra coisa. Mas, a existência de algo intrinsecamente valioso como que colocaria esse algo fora de qualquer sistema de permutas e, portanto, numa esfera, por assim dizer, anaeconómica. Ou seja, a preferência pelo que é valioso em si mesmo e independente do seu valor de uso pressupõe um estado qualquer de plenitude em que são desnecessárias todas as trocas, em que nada está em falta, ao passo que a característica da utilidade tem como consequência imediata situar o objecto a que se refere num sistema de permutas no qual, evidentemente, o valor de cada realidade só pode ser determinado em função de outra.
Por outro lado, ao mesmo tempo, a qualidade da utilidade refere-se, em geral, a uma vantagem. Para um

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