Filosofia

A historiografia sobre o movimento psicanalítico no Brasil
Carmen Lucia Montechi Valladares de Oliveira
Rev. Latinoam. Psicop. Fund. V, 3, 144-153
Nos primeiros tempos da psicanálise Porto-Carrero foi um ilustre psiquiatra e um fanático da psicanálise e um dos principais difusores da doutrina.Em 1930, ele participou ativamente da equipe de tradutores publicando 7 volumes contendo 52 títulos (conferências, ensaios, artigos e livros) das obras de Freud, pela editora Guanabara, Waissman-Koogan, do Rio de Janeiro.
Porto-Carrero também se correspondeu com o Freud e chegou mesmo a ser mencionado na biografia de Jones (Jones, [1955]1990, p. 146). Ele abordou a história da psicanálise em sua “Aula Inaugural do Curso de Psicanálise Applicada à Educação” em 20 de abril de 1928 e intitulada “Psychanalyse onde a sua história e o seu conceito foi inspirado no texto, “Sobre a história do movimento psicanalítico” (Freud, 1914), onde descreve a passagem de Freud com Charcot, as querelas com Breuer sobre a etiologia sexual das neuroses, a teoria do trauma, a criação da Sociedade Psicológica das Quartas-feira, e conclui com algumas referências ao movimento psicanalítico brasileiro. É interessante destacar o quanto Porto-Carrero é atualizado com as obras freudianas. Um exemplo entre tantos é o rápido comentário que faz de “O futuro de uma ilusão” (1927), é um “estudo de sociologia e moral, prevê a morte do tabu para melhor felicidade do gênero humano” (Porto-Carrero, 1928, p. 21).
Investigou também os efeitos da experiência de Deodato de Moraes como Instrutor Publico de Vitoria em 1929 contidas num documento histórico.É nele que os historiadores da psicanálise se pautam para escrever a história da implantação deste saber no país.
Quando Porto-Carrero apresenta esse Relatório, ele parece otimista para com o futuro do movimento psicanalítico. A história vai mostrar que serão necessários ainda quarenta anos para que a psicanálise consiga implantar o conjunto dos seus