Fichamento fourez, gérard

Fichamento I

“’Ciência’ pode designar dois tipos de fenômenos: (...) a representação que se faz do mundo” ou “visa mais precisamente ao que chamamos de ciência moderna”. O primeiro se dá de maneira geral, enquanto o segundo designa especificamente o “conhecimento adotado pelo mundo ocidental moderno”. Considera-se também que esse conhecimento ocidental nasceu com a burguesia da Idade Média.

O universo autárquico da Alta Idade Média
Havia uma visão ocidental do mundo de ligação entre o homem e as “aldeias autárquicas”, todos “nasciam, viviam e morriam no mesmo ambiente humano”. A visão tida dos objetos era completamente diferente: eles eram “inanimados” e continham uma “história particular, à aldeia, a seus acontecimentos”.
Havia também uma “ordem eterna das coisas” de forma cíclica e sem uma dimensão do progresso. Nesse mundo, a moral não passava do reflexo da ordem das coisas. “Toda transgressão da ordem aparece como a transgressão de um tabu, a destruição de algo sagrado. Não era uma moral do cálculo ou da razão, mas uma moral de proibições”.

O universo dos comerciantes burgueses
O burguês “é em primeiro lugar um ser sem raízes. Vive uma boa parte de sua existência fora do universo humano no qual nasceu. Vê coisas estranhas, desconhecidas, coisas que, aliás, ele tentará contar quando retornar a sua casa”. Diferentemente daqueles que vivem nas aldeias, os burgueses possuem uma maior liberdade de direção. “Enquanto o camponês não podia se imaginar fora de seu hábitat, o comerciante começa a viver sozinho”.
O comerciante por ter-se desvinculado seu centro da aldeia, passa a observar a cultura a sua volta de outra forma. Por onde passa, analisa com outros olhos os costumes estranhos aos de sua aldeia. É ai que surge a linguagem da objetividade, da necessidade de se transportar conceitos e costumes não inerentes a sua cultura, podendo representá-los de forma compreensível aos indivíduos não pertencentes àquela cultura observada: “É nesse ponto que (...)