Fichamento do livro - o espectador emancipado. ranciere, j.

2766 palavras 12 páginas
RANCIÈRE, J. O espectador emancipado. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.

[...] Esse paradoxo é simples de formular: não há teatro sem espectador. Ora, como dizem os acusadores, é um mal ser espectador, por duas razões. Primeiramente, olhar é o contrário de conhecer. O espectador mantém diante de uma aparência ignorando o processo de produção dessa aparência ou a realidade por ela encoberta. Em segundo lugar, e o contrario de agir. O espectador fica imóvel em seu lugar, passivo. Ser espectador é estar separado ao mesmo tempo da capacidade de conhecer e do poder de agir. (p.8)

“É a conclusão outrora formulada por Platão: o teatro é o lugar onde ignorantes são convidados a ver sofredores.” (p.9)

[...] Quem diz teatro diz espectador, e isso e um mal, disseram eles. Esse é o circulo do teatro que nós conhecemos, que nossa sociedade modelou a sua imagem. Portanto, precisamos de outro teatro, um teatro sem espectadores: não um teatro diante de assentos vazios, mas um teatro no qual a relação óptica passiva implicada pela própria palavra seja submetida a outra relação, a relação implicada em outra palavra, a palavra que designa o que é produzido em cena, o drama. Drama quer dizer ação. O teatro é o lugar onde uma ação é levada a sua consecução por corpos em movimento diante de corpos vivos por mobilizar.[...] (p.9)

“[...] É preciso um teatro sem espectadores, em que o assistente aprendam em vez de ser seduzidos por imagens, no qual eles se tornem participantes ativos em vez de serem voyeurs passivos.” (p.9)

[...] é preciso arrancar o espectador ao embrutecimento do parvo fascinado pela aparência e conquistado pela empatia que o faz identificar-se com as personagens da cena. A este será mostrado, portanto, um espetáculo estranho, inabitual, um enigma cujo sentido ele precise buscar. Assim, será obrigado a trocar a posição de espectador passivo pela de inquiridor ou experimentador cientifico que observa os fenômenos e procura suas causas. [...] (p.10)

“[...]

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