Fichamento - Afetos em Jogo Nos Tribunais do Jurí.docx

Resumo de
AFETOS EM JOGO NOS TRIBUNAIS DO JÚRI, de ANA LÚCIA PASTORE SCHRITZMEYER
Julio Cesar Decó Ramos

Na tentativa de observar como os participantes de um Tribunal de Júri na cidade de São Paulo poderiam se perceber e, em caso afirmativo, como perceberiam a si mesmos e a outros envolvidos como agentes ativos de uma espécie de jogo, depara-se com o problema de como registrar os dados desta observação, chegando à conclusão que, mesmo que se pudesse fazer um registro, utilizando-se de qualquer aparato para isso, ainda assim se perderiam informações primordiais que só poderiam ser captadas quando o observador também se coloca como um dos agentes ativos de todo o processo. Há algo além das falas, de olhares, expressões e sons que não podem ser captados e estudados após o evento: são os afetos.
Afeto, neste contexto, é o sistema de comunicação em que se é possível participar apenas por quem se deixa ser afetado. Ou seja, não bastar ser apenas um observador passivo, é necessário entrarmos ativamente neste contexto.
Ao se conseguir entrar neste sistema de comunicação, torna-se possível uma etnografia.
Uma etnografia possui quatro características com as quais se deve trabalhar:
- devem ser capazes de registrar comunicações não verbais e involuntárias;
- o pesquisador\observador deve admitir que existem informações que não serão captadas e que isto deverá estar previsto na análise dos seus dados;
- o observador deve entender que existem diferentes tempos na coleta de dados, ou seja, enquanto é afetado não se pode narrar a experiência e, quando se narra, não se pode compreende-la;
- os dados coletados são únicos e podem quebrar paradigmas científicos.
Logo, deve-se entender que quanto mais focado em um aspecto, mais outros aspectos serão perdidos e, quanto mais aberto o campo de visão do observador, menos detalhes este poderá registrar. Deduz-se também que, quanto mais afetado o pesquisador, menor a sua capacidade de registro de dados de seu campo de estudo,