FEB Cap

Formação Econômica do Brasil
Celso Furtado

Capítulo XXV – Nível de Renda e Ritmo de Crescimento na Segunda Metade do Século XIX. Ao se considerar o setor mais dinâmico da economia brasileira, ou seja, aquele ligado às exportações, observa-se ter ocorrido um aumento de 214% na quantidade exportada pelo país na segunda metade do século XIX, ao passo que a relação de preços das importações/exportações sofreu uma melhora de 58%, significando um incremento de renda real de 396%, um número certamente muito significativo e também muito diferente daquela perspectiva de estagnação de que nos fala Furtado quando discutindo a primeira metade daquele século. No entanto, este crescimento de renda real não se daria equitativamente por todo o país. Para analisar as diferenças regionais, Furtado divide o país em três áreas: a de subsistência do sul, a cafeeira exportadora do centro-sul e a de subsistência do norte. Além disso, por serem localidades com características específicas neste período, são tratadas separadamente a Bahia e a Amazônia. A região sul do país conheceu um desenvolvimento de sua economia a partir do fortalecimento de mercado interno; como houve um aumento da renda real a partir do desenvolvimento do setor de exportação, o mercado interno nacional se fortaleceu e passou a ser um pólo de atração com o qual as colônias, até então isoladas, podiam comercializar seu excedente. Além disso, a região do Paraná passou também a ser uma exportadora de erva-mate, o que estimulou tanto o setor de exportação quanto o de subsistência ali; o Rio Grande do Sul, por sua vez, experimentou um amplo desenvolvimento pecuário, tanto destinado tanto ao mercado interno quanto ao externo. Este desenvolvimento da economia regional traduziu-se em uma elevação da produtividade e também da renda real per capita. A região nordestina, porém, estaria em situação mais complicada. Seus dois principais produtos, o açúcar e o algodão ou apresentaram crescimentos negativos de preços, ou