EXERcicios
“Exclamação de admiração com intenso afeto...” (EE. 60)
Às vezes acontecem coisas estranhas. Passamos por um lugar, por onde passamos centenas de vezes e, de repente, parece ser diferente, novo, cheio de significados, que sequer imaginávamos.
É o assombro, a contemplação, o encantamento... A admiração é a irmã da fé. É o grito cheio de surpresa que brota do mais profundo do nosso ser, diante do “mistério” que nos envolve e nos escapa.
“Mistério”: este termo remete a “myo”,”fechar os lábios”, onde a pessoa leva a mão à boca para se calar e cede lugar ao ouvir e ao silêncio.
É docilidade à audição que voz que nos habita; é o sussurro que vem da realidade e das coisas, despertando o nosso ser para o espanto, para a maravilha e para o milagre.
“Mistério” significa a percepção de algo escondido de uma realidade não-manifestada e não-comunicada.
Nesse sentido se pode dizer que a vida humana, as pessoas com quem convivemos, a realidade que nos cerca, o universo, a história... são “mistérios” para nós. Tudo é mistério.
“Mistério” não se opõe a conhecimento; não é o que não se pode conhecer de algo. Refere-se, antes, a algo que pode ser conhecido, mas o nosso conhecimento nunca consegue apreender sua totalidade. É o ilimitado do conhecimento. Conhecer mais e mais, entrar em comunhão cada vez mais profunda com a realidade que nos envolve.
Portanto, a expressão “mistério” se refere mais à inesgotabilidade da realidade que à nossa incapacidade de conhecimento. Daí que a atitude diante dessa realidade é a do silêncio, da admiração e do espanto. O mistério nos mantém sempre na admiração até ao fascínio, na surpresa até à exaltação.
É a capacidade do ser humano de se comover diante do mistério de todas as coisas. Não é pensar as coisas, mas sentir as coisas tão profundamente que percebemos o mistério fascinante que as habita.
Nesse sentido, “mistério” não diz respeito a teorias, a doutrinas; diz respeito antes a