Exclusão social na obra "escravidão e cidania no Brasil Monárquico" de Hebe Maria Mattos

Atualmente quando se fala em exclusão social, afirma-se que na maioria das vezes ela se dá pela cor ou classe social do indivíduo. Mas faz-se necessário observá-la em sua totalidade, retrocedendo à época do colonialismo no Brasil e mantendo uma relação dialética desta com o presente. Só assim compreenderemos o surgimento das classes sociais brasileiras da nossa sociedade atual.
Na obra de Hebe Maria Mattos “Escravidão e Cidadania no Brasil Monárquico”, a autora discorre a cerca da polêmica que há por trás da questão de identidade, escravidão e cidadania existentes no século XIX. Ela busca fazer uma análise sobre a luta pela inclusão social por parte dos afrodescendentes, que após receberem a carta de alforria buscavam se inserir na sociedade e garantir seus direitos civis e políticos em meio ao regime monárquico, ressaltando ainda, os motivos da contínua escravidão no Brasil nesse período.
Outro ponto abordado no texto é que com o nascimento de um povo independente, há também a formação de uma identidade de cidadania no país. Entretanto, após a independência, a recente nação mesmo aderindo e se estruturando em princípios fundamentados nas ideias liberais europeias, teve uma tendência maior ao direito à propriedade, o que resultou na conservação da propriedade escrava por interesse dos proprietários escravistas, e não no direito à liberdade, como pregava a teorias liberais: "os homens nascem livres e iguais", ou seja, apesar de o Brasil se constituir como Monarquia Constitucional Liberal perante as potências europeias, graças ao comércio livre, e outras representações populares, o que realmente priorizou a Constituição, foi o direito à propriedade.
Dento da obra, Hebe ressalta os motivos que prolongaram a escravidão no Brasil Monárquico demonstrando que os mesmos foram movidos pelo interesse dos senhores de escravos, o que levou a permanência da escravidão, enquanto que em outros países europeus de bases liberais a escravidão já estava em processo de abolição