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2413 palavras 10 páginas
É debate antigo determinar qual teria sido o ‘caráter’ da independência, se conservadora, reformista ou revolucionária. Em outras palavras: o que haveria de ruptura e o que de continuidade no processo de independência? Quanto à inserção do Brasil no contexto internacional da chamada ‘crise do antigo sistema colonial’, interpretações consagradas sobre os efeitos dessa crise no processo de independência vêm sendo ultimamente contestadas. O processo político foi razoavelmente escrutinado, mas as novas abordagens derivadas do cultural turn na historiografia têm permitido aos historiadores aquilatar melhor a significância de outros fatores decisivos e até recentemente negligenciados. Por exemplo, que peso se deve atribuir as radicais transformações culturais geradas pela abertura de 1808 e pelo afluxo de levas de migrantes de todos os pontos? Ou às transformações civilizacionais vividas pela população do Rio de Janeiro, geradas pela presença e pelas demandas do rei na arte, na ciência, na educação, nas melhorias urbanas? Atesta-o a criação do que se poderia chamar de uma ‘esfera pública’ – ou ao menos o surgimento de uma opinião pública -, de que é rico testemunho o caloroso debate na imprensa nascente”. [1]

O esforço deste presente ensaio é perceber quais as sucessivas mudanças de enfoque, métodos de abordagem e paradigmas interpretativos ao longo da historiografia recente sobre a independência, principalmente no que se refere às diferentes abordagens do conceito de nação.[2] O centro de nosso objetivo é entender como diferentes historiadores cruzaram dois elementos: por um lado a separação da colônia do Império português, e por outro a formação de um estado nacional unificado e, atrelado a isso, a construção de uma consciência nacional. Para isso analisaremos diversos autores que escreveram nos últimos cinqüenta anos, começando por Caio Prado Jr., passaremos por outros historiadores consagrados como Sérgio Buarque de Holanda e Maria Odila da Silva Dias chegaremos

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