Eugenio de castro
Em tudo há musicalidade. Da mesma forma que o Parnasianismo se ligava à escultura, o simbolismo se liga à música. Para obter esse efeito musical, o poeta utiliza a aliteração, isto é , a repetição do mesmo som em seus versos. Observe-se a repetição do mesmo som consonantal em messe, enlourece, estremece, quermesse e , logo depois, esmorece. O som sibilante s dá idéia da voz do vento e traz à mente o vento que sopra leve sobre a plantação. Essa idéia é reforçada mais abaixo pela repetição do verso. Na 2a estrofe há menção a vários instrumentos musicais que produzem sons suaves. Aparecem aí repetições do som nasal n em soam suaves e sonolentos, sonolentos e suaves e mais abaixo suaves, lentos lamentos de acentos graves, suaves. O som nasal indica lentidão, melancolia. São sons velados, prolongados. Enquanto produz versos com tal sonoridade, o poeta sugere uma traição: dois amantes que durante uma quermesse fogem do burburinho , "o atroado clangor", e vão se amar sobre montes de feno, fugindo ao noivo " é o noivo a quem fugiu a Flor de olhos amenos". Por isso a sugestão ao final "Vibram três tiros à florida flor dos fenos".
Eugênio de Castro (nasc. 4-3-1869 e morto em 1944) é o introdutor do simbolismo como escola em Portugal, embora tenha sido menos simbolista e poeta que seus colegas Camilo Pessanha e Antonio Nobre. Seu livro Oaristos foi considerado um manifesto simbolista.