eU AMO dEUS
As doutrinas que, nas religiões, procuram explicar a origem do universo e do homem dividem-se em dois grupos: as que consideram o processo da criação como imanente na natureza e as que o colocam sob a perspectiva da transcendência. As religiões politeístas, comuns na antiguidade, personificavam seus deuses como partes de elementos da natureza. A idéia de uma entidade preexistente à criação, de concepção mais abstrata, prevaleceu no taoísmo chinês. Quanto ao pensamento grego, para ele foi inteiramente estranho o conceito de creatio ex-nihilo (criação a partir do nada); quando os gregos atribuíam a gênese do mundo à obra de Deus, viam-na como elaboração de matéria preexistente.
O confucionismo, pelo menos a partir do século XIII, admite nas origens do universo a existência de dois princípios eternos e inseparáveis, apesar de distintos: o princípio psíquico (Li) e o material (Chi). A ação de ambos manifesta-se mediante agentes como a água, o fogo, o metal e o solo.
Para o hinduísmo, a criação do universo decorre da atuação de uma energia que se transforma em maya (ilusão): cada universo criado dura cerca de 4.320 milhões de anos solares; ao final desse período, retorna como maya ao coração de Brahman. Ao criar o universo, Brahman se transforma em Brahma; quando o sustenta, em Vishnu; em Shiva, quando o destrói. Enquanto isso, o budismo clássico não se preocupa com uma doutrina clara sobre a criação: o mundo, para essa crença, reduz-se a suas ilusões.
Duas concepções sobre a origem da alma. O criacionismo e o traducionismo derivam da doutrina da criação. O primeiro afirma que Deus cria uma alma para cada corpo gerado, enquanto que o segundo ensina que as almas são geradas das almas, da mesma forma e ao mesmo tempo que os corpos o são dos corpos. A partir de Tertuliano, de cuja obra De anima (c. 210; Sobre a alma) surgiu o traducionismo e, por analogia, o criacionismo, muitas foram as polêmicas em torno das duas