Etica
(((( (pronunciamos êtos) = para desinar "costume"[2]
(((( (pronunciamos étos) = para desingar a índole, no sentido de caráter e temperamento natural da pessoa.[3]
Evidentemente, num ato concreto de uma pessoa determina os sentidos das duas palavras que estão unidos. Um exemplo: no ato do cidadão grego de partir, com seus iguais, para a guerra, em defesa da cidade-estado, estão em jogo estas duas dimensões indicadas por duas palavras gregas. É costume da cidade grega que o cidadão seja soldado e não o escravo, pois o ato de defender a cidade é um ato honroso. Mas o ato de ir à guerra diz também algo sobre o homem, diz respeito ao seu caráter: ele é um homem corajoso e, como tal, valoroso.[4]
Vejam, nestas frases comuns entre nós, como os dois sentidos gregos estão imbricados:
a) "A mulher foi muito ética: não revidou agressão." b) "Este político é um homem ético." c) "Toda vizinhança o respeita como um homem de moral."
Os romanos, por sua vez, utilizavam a palavra latina mos (mores) para designar o costume (s). Daí nasce a palavra portuguesa "moral".
Na nossa língua, as duas palavras, ética e moral, implicam, concomitantemente, de alguma forma, os dois diferentes significados antigos e, de fato, tanto a ética quanto a moral, incidem sobre estas duas dimensões (uma valoração do homem como tal e do seu agir de conformidade ou não aos costumes e à tradição).
Não sem motivos, a Profa. Marilena Chauí diz que "ética e moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros".[5] Como se vê é correta a denúncia de que, sobre a distinção entre ética e moral, a "linguagem natural prima pela equivocidade".[6]
Mesmo reconhecendo as dificuldades para separar de modo consensual e técnico o que