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Os desafios da democracia
Por Sonia Montaño

A conferência de Garry Kasparov no Fronteiras do Pensamento iniciou com a já tradicional saudação musical, recebendo no palco o pianista Josias Matschulat que interpretou obras dos compositores russos Alexander Scriabin, Serguei Rachmaninoff e Viktor Vasnetsov.
O grande mestre de xadrez e ativista político russo Garry Kasparov iniciou sua fala sobre desafios da contemporaneidade, passando por tecnologia, política, estratégia, arte e filosofia da civilização. Destacou sua alegria diante do convite para falar sobre a Rússia porque, além de ser o maior país do mundo, é, para o conferencista, o triste exemplo de quão rápido a democracia pode se perder. Para ele, o Brasil apresenta uma continuidade no difícil caminho de abertura aos direitos humanos.
Kasparov disse que um dos mitos do Kremlin, sede do governo russo, é que só os regimes autoritários podem assegurar um crescimento constante na economia.
“Quando se fala na Rússia acerca do BRIC (grupo de economias emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China), a propaganda prefere falar da China e da Índia e esquecer o Brasil, justamente por ser uma democracia e mostrar também crescimento econômico”. Haveria, em sua opinião, um segundo mito do Kremlin que defende que um país com grande índice de população pobre não pode se transformar numa democracia sustentável, porque as pessoas pobres tendem a votar naqueles que prometem redistribuir a riqueza, e, por isso, dificilmente apoiariam pessoas que se propõem a fazer reformas de mercado. Mais uma vez, o Brasil seria um exemplo contrário a essa teoria.
Xadrez e política
O conferencista disse que, quando aos 22 anos de idade se tornou o mais jovem campeão mundial de xadrez, havia muitos mitos sobre ele, como: que tinha uma memória fotográfica, que falava dez línguas, que comia alimentos especiais para o cérebro. “Aquele foi o dia mais feliz de minha vida, mas tudo o que se dizia a meu respeito era