erros e psqui

4869 palavras 20 páginas
Eros e Psique
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
Fernando Pessoa
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• CURSOS
• TRANSFIRA-SE JÁ
CO NTATO
I
Interpretação do texto

O aspecto mítico sugerido pelo título do poema, traz a figura lendária de Eros que é o Deus do Amor da mitologia grega, sendo este último filho da deusa Afrodite, e que possui um caráter corrupto e provocador; Psiquê é uma jovem donzela que de tão arrebatadora beleza era adorada como uma deusa, angariando desta forma os ciúmes de Afrodite. A narrativa tradicional do amor entre Eros e Psique procura ressaltar que na verdade ambos são um só, como as faces de uma moeda. E é esse ponto que Fernando Pessoa trabalha no poema, unindo as forças polarizadoras do ser, demonstrando como são unas e osmóticas, como o yang e yin do Tao.

A trama do mito de Psique revela que apesar de todas as complicações e sofrimentos pelos quais ela passou, teve em Eros o seu pólo de referência, fazendo da ação um jogo entre os planos existenciais do homem, como queda e ascensão, a superioridade e a inferioridade, o ser divino e eterno, e o ser material e humano. Pessoa,

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