ENTRE MASMORRAS REAIS E IMAGINÁRIAS VICEJOU O TERROR: A VIOLÊNCIA DO ESTADO DURANTE A DITADURA MILITAR NO AMAPÁ

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“ENTRE MASMORRAS REAIS E IMAGINÁRIAS VICEJOU O TERROR: A
VIOLÊNCIA DO ESTADO DURANTE A DITADURA MILITAR NO AMAPÁ”

Dorival da Costa dos Santos

Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.
Bertold Brecht

INTRODUÇÃO
O volume de estudos científicos sob diversas perspectivas epistemológicas (estudos antropológicos, sociológicos, psicológicos, biológicos, neurológicos, filosóficos, econômicos, históricos, jurídicos etc.) e a generalização da preocupação política com o problema da violência nas sociedades ocidentais contemporâneas demonstra e destaca – pelo menos nestas sociedades – a centralidade desta questão (WIEVIORKA, 2006: 201).
Em virtude da crescente hegemonia da vida e da cultura urbana a imensa maioria dos estudos trata a constituição e proliferação da violência como um fenômeno, senão exclusivo, mas tipicamente citadino e metropolitano. Sem menosprezar o impacto existencial que, ao se efetivarem, as diversas faces da violência têm sobre as pessoas e os coletivos; há, genericamente, nestes estudos uma espécie de dramatização do fenômeno: a violência apresenta-se como uma novidade histórica e como atributo típico das sociedades modernas e urbanas; como se em outros tempos e/ou em outras sociedades este fenômeno também não tivessem sua importância. Pode-se objetar: mas são outros tempos, outras sociedades, outros impactos, outras significações. Certo; a urgência e magnitude do problema da violência LÁ onde nossos estudiosos vivem e estudam, ou seja, nas cidades ou, quando muito, no meio rural capitalizado, pode até justificar a pouca importância dada a estudos em outros tempos e outras sociedades.

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Esta perspectiva é compreensível de um ponto de vista existencial, mas não de um ponto de vista epistemológico, cientifico ou acadêmico: pelo menos um grande problema este recorte urbano do estudo da violência carrega consigo: o pressuposto do caráter monista da
cultura

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